Pensando o Senso não Comum
...Atendimento, uma reflexão sobre causas...
A cada momento de nossas vidas estamos fazendo comércio. É por isso que a Economia se transformou em algo tão complexo e vasto, certamente indo além da irrefutável lei da oferta e procura. A etimologia da palavra comércio nos indica que realizar um comércio sempre teve a ver com a relação social entre as pessoas através de suas mercadorias, através dos seus bens. A mercadoria teve a sua primeira valoração enquanto uma propriedade de alguém. De alguma forma, dentre tantas outras, o ser humano complementa seu sentido da vida com as coisas que possui e com as que quer ou precisa possuir. Ser é ter e querer ter.
Toda essa atividade de troca de bens de valor, extremamente natural para nós, se desenvolveu desde muito tempo ante os relacionamentos entre os que possuem algo e os que querem esse algo. É um processo de convencimento entre esses dois atuantes na relação. Na teoria, o negócio seria mais saudável tanto quanto fosse mais equilibrada a vontade de vender com a vontade de comprar algo.
O nome dado a esse processo de convencimento é atendimento. Quem quer convencer alguém a vender ou a comprar algo precisa atender o desejo ou necessidade alheia, ou mesmo criar esse desejo ou necessidade. Atualmente, esse processo chamado atendimento está cada vez mais delicado, visto que, o cliente, tem tido uma boa gama de opções para escolher com quem vai realizar os seus negócios. Isso tem gerado uma grande especialização por parte das empresas e profissionais liberais em produzir cada vez mais atendimentos tão bons quanto os seu próprios produtos ou serviços.
E qual é o sentimento de quem hoje é atendido em um processo comercial?
Fiz uma pesquisa bastante simplória via uma rede social perguntando:
O atendimento das empresas está melhorando?
E a resposta foi:
17% responderam: A indiferença come solta.
25% responderam: Sim, cada dia melhor!
58% responderam: Ahhh, está bem medíocre!!
O resultado da pesquisa não me surpreendeu e também, acredito, não haverá de surpreender a ninguém. Estamos cada vez mais exigentes em que os outros nos satisfaçam em nossos desejos e que nos deixem em paz em nossas ignorâncias e preguiças. Pois se não fosse assim, se realmente todas as pessoas se preocupassem, ou mesmo se se ocupassem com uma intenção de atender bem os outros, não teríamos a percepção de que 75% dos atendimentos são considerados de medíocres à ruim. Mas isso é quase que um paradoxo: como podem as pessoas perceberem que os relacionamentos de troca de bens vão mal e não buscarem uma melhora para isso?
Muitas empresas já desenvolvem trabalhos e muitas deviam desenvolver trabalhos de Gestão de Relacionamento com Clientes, buscando uma resposta para a questão acima, ou pelo menos para uma questão mais simples: como posso fidelizar ou mesmo somente satisfazer meu cliente? Mas não é dessa gestão que quero falar. A minha pergunta é outra: você já fez uma gestão de relacionamento de si mesmo?
Para isso você precisa se perguntar: quais impactos você causa em seus relacionamentos?
Mas não inverta ou dissimule a questão. Não é o que você acha que outra pessoa te instigou a causar tal e tal coisa. É o que você, a partir do seu comportamento, a partir do seu poder de influenciar, causa em suas interações, sejam elas agora comerciais ou mesmo sociais de outros modos.
Para instigar a sua reflexão ainda mais, pense no axioma de Peter Senge:
“Os problemas de hoje são consequências das ‘soluções’ de ontem”.
Os seus problemas se repetem com frequência? Então pense: é mais fácil você ser o causador deles ou o mundo estar em conspiração para criar problemas à você?
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Dicas de leituras!
O livro "A Política" de Aristóteles é essencial para quem quer ter uma visão aprofundada de como a cultura ocidental foi formada e ainda é forjada atualmente. Não quero te desanimar, mas esse tipo de leitura não é fácil e fluída como os fáceis campeões de venda da atualidade. Esse tipo de leitura exige que façamos bastante esforço intelectual. Para aguçar sua curiosidade, trago uma caracterização bem interessante sobre como a democracia era vista na época do filósofo grego. A democracia era considerada como uma das formas viciosas de governo, podendo ser relacionada a uma forma de governo pervertida ou, como estamos acostumados a ver hoje em dia, como uma forma de governo corrompida.
Na atualidade, a democracia é tida como a "mais nobre" forma de governo que pode ser obtida por um Estado. Então, de duas, uma: ou os filósofos da Grécia antiga estavam todos míopes quanto a realidade, ou somos nós hoje que, em sua maioria esmagadora, possuímos uma perversão total de nossas hierarquias de valores e por isso não enxergamos a corruptibilidade das nossas ações.
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Comentários: O hábito da confiança, a hipocrisia da reciprocidade.
O que está por trás da formação e fundamentação de um hábito?
No livro "O hábito da confiança, a hipocrisia da reciprocidade" trato essa questão da seguinte forma: um hábito é como se fosse algo como uma verdade absoluta. Por ser forte assim, os hábitos são coisas difíceis de se mudar. Reafirmando sempre os mesmos hábitos, a atuação psicológica da hipocrisia nos leva a acreditar que a forma como vivemos é uma forma válida de se viver, implicando então no quanto de responsabilidade que estamos dispostos a assumir. Como se fosse uma conta de mais e menos, quanto mais responsabilidades eu assumo, mais confiança eu gero.
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